Meu inferno é real. Ele não é ficar de castigo após bagunçar a casa da vovó. Ele é a dor de se olhar no espelho e só pensar “eu preciso emagrecer.” é o medo desesperador de engordar. É contar cada caloria e perceber que nunca será magra o suficiente.
São os dois dedos na garganta. É a raiva e a culpa após se permitir comer algo que pesará na balança. É encarar a privada enquanto lágrimas escorrem pelo seu rosto.
É a agonia dos seus pensamentos que te culpam - era pra ser apenas um chocolate. Mas foram dois. De qualquer forma, você sabe que não deveria ter feito isso.
É você se castigar após uma compulsão alimentar e ficar o dia inteiro sem comer. - eu comi de mais de novo, “só mais um, só mais um pouco.”
É você encarar aquele prato de comida e repetir para si mesma “não estou com fome” se segurando porque, sabe que é mentira. Eu posso até sentir fome mas o meu vazio não é oco.
É a necessidade de emagrecer e não importa como, mesmo que doa, mesmo que machuque, mesmo que esteja me matando - eu preciso emagrecer.
É você se olhar no espelho e se perguntar se é tudo distorção de imagem ou é real. É o medo de ser real e não apenas uma distorção de imagem.
É quando falam pra você: “se você é gorda eu sou oque?” ninguém nunca vai te entender. Ninguém entende a sua preocupação, ninguém entende que você prefere morrer á engordar.
E como tudo isso começou?
As vezes basta uma frase para tudo mudar.
Eu me sinto amaldiçoada, não sabem a dor de ser uma criança de 3/4 anos e não gostar do seu próprio corpo. Tão nova, e ja se comparar com outras crianças, de começar a fazer “dieta” para emagrecer. Mas eu vou mentir a idade, porque 3/4 anos, não é um número bonito
Eu gosto de ver vídeos de pessoas comendo sem receio ou culpa por estar fazendo aquilo. Não posso chamar de gula, mas me satisfaz.
Meu traço tóxico é estar disposta a qualquer coisa para emagrecer. Eu nadaria em uma pscina cheia de álcool com cortes por todo o meu corpo se isso me fizesse emagrecer. Eu pisaria em cacos de vidro. Eu dormiria em uma cama de pregos. Eu faria tudo, qualquer coisa.
O transtorno não é saudável e não deve ser romantizado. Admiro aqueles que se propõe a se ajudar. Mas por mais que eu tente sair disso, eu não posso ser curada. Eu não consigo me salvar. Esse corte sempre irá sangrar.
E tudo que passa pela minha cabeça é:
“But even though you're killing me
I, I need you like the air I breathe
I need, I need you more than me
I need you more than anything
Please, please”
da sua escritora: marii☆
Me derrubou legal nessa